A Importância da Gestão de Mudanças na Condução de Projetos

Em 12/07/2016 fui palestrante no webinar promovido pelo PMI-SP no qual discorri sobre a importância da gestão dos aspectos emocionais envolvidos em processos de mudança e suas interfaces com a gestão técnica do projeto. Como a interação dos participantes foi bastante positiva, resolvi trazer para esse post algumas perguntas realizadas durante a apresentação e suas respostas.

P: Existem estratégias ou metodologias específicas, dependendo da amplitude e/ou complexidade da mudança, para mitigar riscos no sucesso da implantação da mesma?  Como podemos suavizar o período de luto para que as pessoas abracem de fato as transformações pelas quais a organização vai passar, está passando e passará, como um ciclo contínuo para se manter e conquistar o mercado?
R: É preciso estar o mais próximo das pessoas possível, pois elas passam por esse processo com intensidade e duração diferentes. Existem metodologias adequadas que possibilitam minimizar ambos, sempre mostrando os benefícios que serão alcançados para a organização e para as pessoas.
P: Eu sou formado na área de humanas e depois fui buscar a área técnica e sinto dos meus colegas muita dificuldade de lidar com estas questões (pessoas normalmente de áreas mais lógicas). Você acredita que essa barreira é realmente difícil de ser ultrapassada por uma questão de perfil do profissional?
R: É uma barreira difícil, porém não é intransponível. É preciso ser levado em conta essas características no processo de comunicação e mobilização, pois existem abordagens específicas para cada perfil a fim de se obter o engajamento esperado.
P: Qual o melhor perfil de profissional a ser alocado como responsável pela Gestão de Mudança?
R: Em uma análise mais completa todos os envolvidos nos projetos são agentes da mudança e não somente o RH. Assim, independente do perfil, devem ser sensibilizados adequadamente para exercer esse papel. Os que tiverem formação em humanas provavelmente terão mais facilidade, porém não deve ser atribuição exclusiva deles.
P: O Sr. não entende que na organização deve existir um processo de Gestão de Mudanças para absorver os novos projetos e seus impactos?
R: Sim, todo projeto deveria ser acompanhado de uma metodologia em GMO conduzida internamente ou com apoio de uma consultoria externa, caso a organização não tenha essa prática desenvolvida.
P: Gestão de Mudanças deveria ser uma área de conhecimento distinta dentro do PMBOK, assim como escopo, tempo, etc? Qual sua opinião?
R: Sim, A 10ª área de conhecimento trata de uma parte de GMO abordando os stakeholders, porém poderia contemplar outras sub-áreas dentro do foco técnico do PMI. O tratamento dos aspectos humanos da mudança, fator essencial para o processo de transformação, não entraria nessa abordagem.
P: Como o PMO pode contribuir no cenário integração GMO X Gestão de Projetos?
R: O PMO precisa garantir que essa integração ocorra dentro do planejado baseado em sua metodologia. Um ponto chave para isso é considerar essa integração como um só projeto e não controlar como projetos distintos.
P: Como romper as barreiras e a resistência humana às mudanças?
R: Dando foco no aspecto humano da mudança e não somente no aspecto organizacional, como ocorre em alguns casos. É preciso entender que quem muda são as pessoas individualmente e assim se obtém o resultado corporativo.
P: Por que em tempo de crise o OCM tem sido o primeiro a ser cortado?
R: A falta de maturidade das empresas nacionais nesse tema faz com que algumas organizações ainda não percebam na íntegra o valor de GMO. Assim, nos momentos de crise, a decisão orçamentária prevalece acreditando-se que não trará grandes impactos descartando essa iniciativa. Trata-se de uma decisão míope, uma vez que a não adoção de GMO pode ocasionar aumento de custos pela improdutividade, resistência oculta que atrasará projetos e perda de talentos.
P: Por que no Brasil o OCM ainda não é valorizado como nos outros países?
R: Nos projetos que originam fora do Brasil e chegam até nós, é praticamente mandatório a utilização de GMO. No Brasil essa maturidade vem aumentando em função dos casos de sucessos obtidos e que tem servido de exemplo, entretanto, ainda falta a inclusão dessa disciplina em nosso processo educacional. Desde a universidade em diante essa matéria deveria ser considerada para todos os cursos voltados para humanas e gestão.
P: Como deve ser a integração entre o GP e o gestor de OCM sem que haja conflito entre estas duas atividades? A análise de stakeholders e impactos devem ser tratados dentro do projeto ou do OCM?
R: Deve ser tratado como um único projeto e as atividades de GMO integradas ao mesmo cronograma, porém sendo conduzidas por consultores especializados na área.
P: Cláudius, gestão de stakeholders é uma prática que existe nas metodologias de gestão de mudança, gestão de projetos e analise de negócios. Como você vê o relacionamento entre estes 3 grupos de profissionais?
R: A frente de GMO deve ficar responsável pela análise de stakeholders, porém as características de abordagem dos 3 grupos devem ser preservadas.
O webinar completo pode ser acessado pelo link http://pmi.adobeconnect.com/p9jj39oht0q/.
Convido a todos a uma reflexão e contribuição sobre os questionamentos levantados.

 *Conteúdo produzido por Cláudius Jordão.

Publicado em Aspectos Humanos, Capacitação/Treinamento, Comunicação, Ensino a Distância, Gestão de Mudanças Organizacionais, Metodologia, Mobilização, Stakeholders.

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